Arezzo e a Ditadura da Proteção Ambiental

No dia de ontem (Segunda Feira, 18 de abril de 2011), a marca Arezzo foi alvo da fúria de consumidores brasileiros revoltados com a decisão da marca em lançar produtos confeccionados com peles de animais.

Através das redes sociais, em especial o Facebook e o Twitter, a marca Arezzo foi atacada incessantemente, com reações que variam do “nojento” até a utilização de palavras que preferimos não reproduzir aqui. No dia de ontem a hashtag #Arezzo dominou o Trend Topics do Twitter durante boa parte do dia, uma página de boicote à marca foi criada, e inúmeras discussões foram levantadas em foruns e listas de email.

Agora fica a pergunta: Será que este tipo de reação é realmente válida, ou é apenas um “efeito cascata” de argumentos que não possuem a solidez necessária?

Se por um lado temos uma revolta instantânea – e até agora efêmera – por parte do público consumidor, por outro temos a justificativa apresentada pela marca em nota oficial que diz que todas as peles utilizadas para a confecção da polêmica coleção estão de acordo com as especificações legais, e que, portanto, não possuem impacto ambiental.

Independente do tipo de impacto originado, a Arezzo tem tanto direito de utilizar peles de raposa em seus sapatos, quanto outras marcas tem de usar couro  de vaca em jaquetas, por exemplo.

Até que ponto, portanto, movimentos como este que presenciou-se são realmente relevantes? E até que ponto não passam de uma especulação, de uma válvula de escape para a consciência de pessoas bem intencionadas (ou não), mas que não possuem uma postura ativa em relação ao meio ambiente?

Por mais deslumbrante que seja o potencial das redes sociais em dar voz ao consumidor, de onde vem realmente esta voz? Do consumidor enquanto ser consciente e responsável? Ou de uma opinião pré fabricada, desprovida de um compromisso real e fruto de uma necessidade de se expressar mesmo sem se ter o real domínio de um determinado assunto?

É importante se ter em mente que a radicalização geralmente não se apresenta como um caminho saudável para  a mudança, e que a crítica desmedida e desinformada, sem a apresentação de soluções viáveis, tende a ser tão efêmera e infrutífera quanto a capacidade de quem a pronunciou.

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